Durante nosso lanchinho da tarde, quase sempre surgem assuntos interessantes entre uma garfada de bolo e um ponto de interrogação.
Segunda-feira não foi diferente.
Nem sei de onde surgiu, mas saiu da boca da primogênita:”Mamãe, você nunca perdeu um bebê, né?”
BUM!
Era um assunto que ainda não tínhamos abordado até então. Já tínhamos orado por pessoas com dificuldade em engravidar ou outras mulheres que perdiam bebês, mas de mim ainda não tínhamos falado.
A mais velha tinha em torno de 1ano e 4meses quando descobri a gestação do nosso segundo filho. Ainda no comecinho, já feliz por tê-lo, descobrimos que o coração do serzinho não batia mais. O dele não batia mais, o nosso quase parou! Que dor! E a doutora me disse para ser forte, ter fé e que eu não precisava chorar. Sei…e por um acaso choro é sinônimo de falta de fé? E será que não tem um espaço para o sofrer a perda de um filho? Sim, ele ou ela já era meu filho!
Voltando ao lanche:
“Pois é, filha. Mamãe já perdeu um bebê.”
Pausa para muito choro! Ela também amava o(a) irmão!
Contei um pouco e veio a pergunta:”Mas, porque Deus permitiu? É muito triste!”
Ah, que bom que consegui fazer a devocional cedo com os filhos. Naquela mesmíssima manhã, havíamos conversado sobre sofrimento. E assim, encaixamos na nossa conversa sobre o filho que já mora no céu.
Em João 9 existe uma história que explica um pouco:
“Ao passar, Jesus viu um cego de nascença. Seus discípulos lhe perguntaram: “Mestre, quem pecou: este homem ou seus pais, para que ele nascesse cego?” Disse Jesus: “Nem ele nem seus pais pecaram, mas isto aconteceu para que a obra de Deus se manifestasse na vida dele.”
João 9:1-3
O sofrimento da perda de um filho por causa de aborto espontâneo também acontece para a glória de Deus.
Ele trabalha para a nossa santificação!
Difícil de perceber no momento da tristeza, mais fácil quando ponderamos e observamos com calma.
Sofrimento não significa que Deus está nos castigando.
E nossa conversa foi longa, até que um de meus filhos começou a chorar copiosamente e disse que não sabia se realmente iria para o céu. Já tinha entregado a sua vida a Jesus, mas ainda vinham dúvidas! Que oportunidade para reafirmar verdades do Evangelho.
Nos ajoelhamos ao lado de minha cama e oramos juntos!
Tudo para a glória de Deus!
Do sofrimento da perda do irmão nasce uma nova criatura em Cristo Jesus!
Continuem firmes, mães!
Carmen